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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O poder das plantas

Utilizadas na fabricação de remédios naturais e com maior número de adeptos, as plantas continuam em alta na crendice popular

A utilização das plantas como medicamento, provavelmente seja tão antiga quanto o aparecimento do próprio homem. No Brasil, existem vários locais onde são cultivadas plantas, como a camomila, menta e calêndula, que são transformadas em remédios naturais e florais para ajudar pessoas que tenham algum tipo de doença e que acreditam no poder da medicina alternativa. A utilização das plantas medicinais vem crescendo juntamente com a fitoterapia e a cromoterapia, auxiliando a vida de muitas pessoas.

Por acreditar nestas crenças, Gilmar Donizete Elias, estudante de Farmácia da Universidade de Uberaba, se interessou em cultivar espécies de plantas e ervas medicinais numa fazenda em Peirópolis, bairro rural de Uberaba. Neste projeto, ele recebe o apoio da Secretária da Saúde de Uberaba, de universidades e de pesquisadores.
"A evolução da arte de curar possui numerosas etapas, porém torna-se difícil delimitá-las com exatidão, já que a Medicina esteve por muito tempo associada às práticas mágicas, místicas e ritualísticas. A preocupação com a cura de doenças, ao longo da história da humanidade, sempre se fez presente. Sabemos que os alquimistas, na tentativa de descobrir o elixir da vida eterna, contribuíram em muito para a produção de medicamentos", afirma Gilmar.

As plantas, pelas suas propriedades terapêuticas ou tóxicas, adquiriram fundamental importância na medicina popular. A flora brasileira é riquíssima em exemplares que podem ser utilizados pela população como remédio, muitas ainda não catalogadas. Segundo dados de uma pesquisa feita pela Usp, apenas 1% da nossa flora foi explorada em seu âmbito medicinal e muitas dessas espécies estão desaparecendo por causa do desmatamento.
Uma fazenda com uma imensa área de plantas e flores variadas, distribuídas ao lado de um lago. As plantas ficam em estufas e ao ar livre, transformando o local num grande jardim florido. Após a colheita são transformadas em remédios naturais e produzem substâncias responsáveis por uma ação farmacológica ou terapêutica, os princípios ativos. Este é o lugar em que Gilmar Elias trabalha. O estudante trabalha também com fitoterapia e cromoterapia, tipos de terapias alternativas.
A palavra fitoterapia foi criada para designar tradições populares de tratamento, nas quais as plantas medicinais são usadas. O uso terapêutico dessas espécies ficou restrito à abordagem leiga desde o salto tecnológico da indústria farmacêutica, ocorrido nas décadas de 50 e 60. É um tratamento das doenças e de alterações orgânicas, por meio de drogas vegetais secas ou recém colhidas e seus extratos.
O conhecimento das propriedades medicinais das plantas, dos minerais e de certos produtos de origem animal é uma das maiores riquezas da cultura indígena, uma sabedoria tradicional que passa de geração em geração. Vivendo em permanente contato com a natureza, os índios e outros povos da floresta estão habituados a estabelecer relações de semelhança entre as características de certas substâncias naturais e seu próprio corpo.

O índio tem um profundo conhecimento da flora medicinal e dela retira os mais variados remédios. As práticas curativas destas tribos estão relacionadas com a maneira com que percebem as doenças e suas causas. Tanto as medidas curativas como as preventivas são realizadas pelo pajé com rituais carregados de elementos místicos.

Já a cromoterapia e aromoterapia trabalham com a cor e o gosto, respectivamente, levando as pessoas a escolherem a sua cor preferida para produzir os florais e remédios. Do trabalho terapêutico vão surgindo arranjos florais para uso oral e terapêutico. É através da cromoterapia que são trabalhadas as tristezas e depressões. "As cores influenciam na cromoterapia e cada planta tem a sua função".

O uso de plantas medicinais pela população mundial tem sido muito significativo nos últimos tempos. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que cerca de 80% da população mundial faz uso de algum tipo de planta na busca de alívio de algum sintoma doloroso ou desagradável. Desse total, pelo menos 30% deu-se por indicação médica.